Ser Herói

Por: Heloisa Oliveira

É madrugada, acordo e não mais consigo dormir… sono “panqueca”… ouvi essa expressão um dia e adorei…  pensamentos sobre fatos começam a incomodar, possibilidades incômodas de fatos, suposições absurdas mas que naquele momento parecem tão lógicas… as minhas entranhas se tornam pensamentos desconexos, mas vívidos e incomodativos… e a pergunta… o que fazer? Medito, afasto com muito esforço essas sombras e busco a paz… consigo após um bom tempo voltar ao sono… acordo um caco…

Mas durante a manhã ainda ressoavam em mim as vívidas imagens e possibilidades remotas… sensação de desconforto em meu coração. Sim, após muitos anos de vida, ele é meu fiel companheiro, a quem sempre tento ouvir (as vezes não é nada fácil) e o fazer sentido para mim passou a ser meu mantra.

Penso num livro que estou lendo, cita que a civilização ocidental tem como base o medo. Lembro da minha própria vida… e da dos outros… o que a criança tem de mais puro? A confiança plena, o se entregar, o não temer – seu lado cósmico – quando começa a crescer começam os medos, as vezes de animais domésticos, de cair,  de se machucar, de perda, do outro… a educação ou a falta de educação nos trazem isso, os medos de quem nos cerca nos impregnam, os medos do ambiente em que vivemos são a nós incorporados e o espiritual em nós, cada vez mais terreno, vai pouco a pouco na vida se tornando distante… a confiança plena, o peito aberto ficam na estrada do tempo… o passar dos anos nos traz mais medos, mais receios. Como sobrevivemos ou melhor, como sobreviver? Se olharmos a nossa volta com olhar de medo realmente dá vontade de desistir de tudo e encolher-se, às vezes até vontade de morrer…

Volto à minha noite insone, recordo os pensamentos… percebo lá o medo, de várias formas, mas a base de tudo é clara: medo. Agora penso naquela pureza de alma, na época do “sem medo”, lembro de situações enfrentadas ao longo da vida com entusiasmo (a palavra entusiasmo vem do grego e significa ter  Deus dentro de si) quando o medo era reduzido,  virava receio, era encarado com CORagem (ação do coração) e acontecia o melhor e o medo se dissipava… penso no que fazer… os pensamentos tinham fato real por traz… os desencadeamentos eram a questão… ouço meu coração… faz sentido? Só de analisar e denominar os medos presentes parecem enfraquecer… lembro de “Você sabe quem…”, quem o enfrenta é quem o denomina (na Bíblia cabe a Adão denominar os animais), hora de denominar meus medos… a situação vai clareando… preciso confiar! Em mim mesma! As nuvens do meu pensamento vão se dissipando e o sol traz raios de luz que penetram minha atmosfera interior, meus pensamentos… coragem e confiança – enfrentar e vencer minha luta interior. Sou herói!

Publicado em: 23 de fevereiro de 2022 por
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