Há coisas que não queremos ver, que fingimos não entender, que pensamos não sentir. O tempo mostra sinais mas o desejo de um amanhã melhor é uma tábua onde nos agarramos. Tantos momentos bons, tantas risadas, alegrias, suores e construções, planos conjuntos e planos do outro em que investimos como sendo nossos… faz parte de estar vivo – entregar-se de coração.
Pouco a pouco percebemos que o barco não vinha mais direto ao porto com o mesmo entusiasmo. Novas rotas no caminho surgem, mas o destino final… esse eu conheço – afinal o porto seguro é sempre o porto seguro. Mas o que fazer quando ele não volta mais inteiro? Aparentemente tudo bem, mas o sorriso parece frio, o olhar distante e os ouvidos sempre perto do celular? Trabalho, muito estudo, enfim… motivos de sobra para a mudança de atitude – novas rotas, novos horizontes, mas o velho porto.
Como se sente um coração presente que não percebe a presença no outro? Como agir tentando entender? Busca a razão, o motivo, se coloca no lugar do outro, afinal nada é dito, embora perguntado e trazido a tona, buscando luz.
A sombra cresce entre os dois, um tentando se manter nela, embora não saiba exatamente onde se encontra, ou não… o outro tentando entender, embora sem querer ver.
Fatos acontecem, rastros tocam o coração, percepções afloram, palavras negam.
As escolhas fazem parte da vida e não tenho como interpor ou recriminar nem perder-me em tentar buscar momentos em vão… a vida é assim, simplesmente acontece, quer queiramos ou não.
Palavras sinceras de amor tocam o coração e os olhos nos olhos não conseguem mais abafar toda a sensação de estar preso- embora livre, de sentir-se amarrado – embora solto, de tomar decisões com nó na garganta – embora tenha escolhas não cobradas e compreendidas.
Vem a agitação, o incomodo interior, o não dá mais pra segurar, busco a conversa com ó no peito, mas com a calma na garganta que clama pela verdade.
Estou só. Sigo em frente. Respeito as escolhas e também faço as minhas – são coerentes com o que acredito e comigo mesma – respeito o outro e a mim também. Tempos melhores virão, para ambos – o importante é estarmos bem com nossas decisões e caminhos que agora se separam.
Aceito e sigo. Novos rumos, novos ventos, nova história de vida.