E Agora, o que Fazer?

Por: Heloisa Oliveira

De repente tudo mudou! Um vírus traz uma revolução geral de rotinas, protocolos, hábitos, trabalho, sentimentos, ações, pensamentos, o imediatismo exigido, enfim… agora nos vemos distanciados socialmente das pessoas e num ambiente mundial onde impera o medo, a incerteza, a dúvida, a polarização … e agora?

Observando esse cenário no qual estamos todos inseridos, podemos constatar que medo, incerteza e dúvida sempre estiveram presentes em nossa civilização., mesmo antes de nascermos: “Será que consigo engravidar?”, “será que o bebê será saudável?”, “será que vai ficar doente?”, “será que tem algum problema?”… e assim foi sendo, por todas nossas vidas… olhemos retrospectivamente e percebamos o quanto de medo, incerteza e dúvida permeiam nossa sociedade… a raiva também se faz presente, e firme, não aceito, não entendo, não quero e exemplo maior do que a polarização política não consigo imaginar – nós contra eles, e é claro que os dois se acham com razão… mas também, possuídos por certezas se tornam surdos e cegos ao diferente. A conclusão a que chego é que agora, tentando apoiar ou focar esse sentimento objetivamente…medo de ficar sem recursos, de viver do quê, e se eu adoecer… chegamos ao medo da morte, em todos os sentidos , claros e velados… de muitas mortes, inclusive a física, onde abandonaríamos nossa existência terrena. A dúvida diz então: e como ficaria as pessoas que amo, ou e o que viria depois? Algo viria?  Mais medo!

Nossa liberdade se apresenta restringida, apenas esquecemos que só temos a mesma em nós mesmos.

Muitos devem estar pensando que enlouqueci nesse isolamento social, mas me sinto mais lúcida que nunca. Nossa alma continua livre, com seus pensamentos e emoções, nossa consciência, ou melhor, nossa autoconsciência, presente nos faz perceber que sem as demandas e tentações do mundo externo temos mais do que nunca a oportunidade de acessar e desvelar os véus de nosso mundo interior. Um universo onde podemos navegar em plena liberdade em nós mesmos, nossas relações, nossos rumos de vida, sobre o mundo, conexões e desafios e tantas coisas mais, pensar e criar, criatividade a mil em projetos e planos, exercer a confiança sem segurança mas com plena consciência.

Nesse mundo interior, permear tudo com amor, ouvir o outro e suas necessidades, onde sua fala nos toca o coração e a percepção de onde e como podemos ajudar proporcionando uma atmosfera de calor anímico, um acolhimento. Esse distanciamento social nos aproxima do virtual, da frieza das relações, da falta do toque e do contato humano e um risco, seria, após tudo isso passar, nos viciarmos na comodidade desse mundo virtual e com esse tempo nos esquecermos ou minorarmos a importância de um olho no olho, de  uma abraço e de um sorriso e calor, ao vivo. Esse risco é presente, mas fica mais impotente se mantivermos acesa a chama do coração, essa vela que nos guia na escuridão na qual em tantos momentos nos sentimos envolvidos.

Assim, naveguemos por nosso mundo interior, sejamos livres e criativos em nossos pensamentos e mantenhamos vivo o nosso calor do coração e espalhemos essa chama amorosa de fraternidade em outros corações. Vida!  A esperança surge!

Heloisa Oliveira

Publicado em: 27 de maio de 2024 por
Vamos Conversar?