Perguntando chegamos à conclusão que na atual vida moderna temos medo de praticamente tudo, até de ser feliz. O medo invade nossa vida tão logo chegamos ao mundo. Nesse momento somos confiantes e arriscamos – criança não tem medo na maioria das vezes, porém até começar a perceber todo o medo que a rodeia, imita e absorve, impregna…medo da gestação , medo de ter problemas, medo da hora do parto, medo de como será o bebê (sempre tem carros horríveis em reportagens), depois medo que caia, medo que se machuque, medo do cachorrinho morder… e por ai vão – sim, vão – são tantos… e nesse mundo de medo crescemos, e os medos tem classes e subclasses – os medos pessoais, os medos coletivos, os medos sociais, os medos econômicos, os medos políticos, gente, tem tanto tipo de medo que me dá medo pensar.
Até quando está tudo bem temos medo: tá tudo tão bem que deve ter algo errado, como posso me sentir bem assim se outro sofre, medo que a felicidade acabe, ou medo de ser merecedora desses momentos, ai que medo!
Medos de doença, medo de perder a saúde, medo de sofrer, medo de amar e não ser correspondido, medo de amar, medo que algo aconteça e nos tire de situações confortáveis. Sem contar medo do mar, medo de barata, medo de peixe, de cachorro, de gato, medo de vento e medo do outro. São tantos que não dá para contar. Quanto mais pensamos, mais medos aparecem… estranho, não é?
Medo não anda só – é coletivo. Nunca vem só – traz sempre outro medo consigo – e as vezes também outros companheiros como a vergonha, raiva, frustração, inveja, menosprezo, e tantos mais. Como sobreviver nesse mar de medos? É uma pergunta pertinente, ouso eu.
Quando uma coisa tanto se repete em nossa vida a pergunta é: o que quer me mostrar? Do que esse medo me protege? O que posso aprender com ele a partir de mim mesma?
O medo está no cachorro, no mar, no outro ou está em mim mesmo? No meu caso percebo, com bastante clareza e coragem de assumir, que eu sou a proprietária de meus medos e são meus, mecanismos meus, estão em mim e projeto em coisas externas meus anseios e medos. Preciso conhece-los e entende-los para crescer e lidar com eles.
O medo pode nos colocar na zona de congelamento, mas pode também nos tirar da zona de conforto, lutarmos para não ter medo e nos tornar heróis de nós mesmos. Uma vez ouvi uma máxima de um sábio: Tenha medo de ter medo, só ele pode te impedir.
Olhar nossa biografia como um panorama vendo nossos desafios, como reagimos, o que se repetia e o que nos impedia ajuda a identificar esses medos e a ver quais são nossas armas pessoais para combate-lo e nossas próprias armadilhas e gatilhos para ativa-los.
O medo do que não conhecemos nos torna vulneráveis. Ser vulnerável hoje em dia não é bom, algo pode nos acontecer, e vem mais medos. A pergunta que não cala agora é outra: Está certo, tudo bem, assumo meus medos e agora, o que isso me ajuda, ou melhor, o que essa consciência pode me ajudar? Medos teremos sempre, o grau, porém é que é importante para vivermos de forma mais leve. O que torna o medo mais leve? Primeiro conhece-lo. Qual é o medo que me aflige? Consigo identifica-lo? Nomeá-lo? Quem conhecemos é sempre mais fácil de lidar. Lembram do Harry Potter? Apenas ele e o Dumbledore enfrentavam o Valdemort, apenas eles diziam o verdadeiro nome de “Você sabe quem”. Os outros apenas tremiam e temiam.
A confiança é uma amiga que deveríamos alimentar em nós pois ela é excelente para ajudar a acreditar e vencer nossos medos.
Estamos na época de confiar no futuro, porém não temos qualquer segurança, por mais que pensemos ter. Não sabemos com certeza como estaremos no fim do ano ou outras pessoas e situações. Tudo flui, tudo muda, rápido e independente de nossa vontade.
Confiança no futuro sem ter segurança na existência, porém confiando na ajuda sempre presente da força espiritual nos traz um grande alento e força interior.